sexta-feira, 31 de julho de 2015

Guru Vachaka Kovai - Grinalda de Palavras do Guru (5)







Se os fortes perseguem os fracos através do seu grande poder, o sábio deve perceber que Deus, que incansavelmente se apieda dos fracos, julgará esses actos de opressão e aplicará o castigo apropriado. É dever [dos sábios] agir com compaixão para com os oprimidos.

Guruvachaka Kovai, 811
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar








Sadhu Om:  
Neste versículo ensina-se que, em vez da natureza rajásica, a qual pede para atacar a pessoa forte e cruel, é mais adequada para um aspirante a natureza sátvica, que leva a ajudar o aflito. Neste contexto, vale a pena lembrar como Sri Bhagavan uma vez impediu um devoto de atacar os ladrões que Lhe haviam batido e como Ele estava empenhado em aplicar um bálsamo nas feridas dos devotos e do cão que havia sido espancado pelos ladrões.







A grande ilusão causada pelo ego ignorante cria o sentido de separação que concebe as diferenças como Guru-discípulo, Shiva-jiva, etc. A realização do Estado de Silêncio onde tal sentido de separação nunca surge é a significativa Namaskaram [reverência], que se deve fazer para com o Guru. (310)


Aquelas pessoas ignorantes que são contrárias à justiça em virtude da sua conduta ofensiva e sem coração, irão, infelizmente, com os seus corações eivados de medo, espancar até à morte criaturas lastimáveis inundadas pelo pecado, como cobras venenosas sibilantes que mordem e matam. (813)



Guruvachaka Kovai, 310 - 813
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar




Sadhu Om: 
A "justiça" mencionada neste versículo significa compaixão para com os seres vivos [bhuta daya], que pode verdadeiramente existir apenas como um resultado do destemor indicado no versículo 310, nomeadamente o destemor até diante da morte. Este destemor vai despertar numa pessoa somente quando a ignorância "eu sou o corpo” é destruída. 
Aqueles em quem essa ignorância não foi destruída irão, naturalmente, sentir medo, devido ao seu apego ao corpo, quando vêem criaturas venenosas tais como serpentes, e portanto irão sentir ódio por elas e vão bater-lhes até à morte. A fim de instruir que é errado fazê-lo, tais hábitos estão descritos neste versículo como "maus hábitos” e “contrários à justiça ", e as pessoas que têm tais hábitos são descritas como "ignorante e indignas". 
Dado que a própria natureza dessas criaturas é serem venenosas e ferirem os outros, diz-se que estão cheias de pecado e que são de lastimar. Portanto, apesar de nos fazerem mal, matá-las não é um acto de justiça.

Sri Muruganar: 
Não só criaturas como cobras venenosas, mas também as pessoas que cometem actos pecaminosos, são motivadas inconscientemente pelo ódio inato. Por isso, por muito pecaminosas que possam ser, não nos devemos zangar, mas devemos apenas ter pena delas pela sua ignorância.









Aqueles cujos actos se desviam do estado de ver e tratar todos igualmente acabam por rejeitar Deus, que é a própria imparcialidade. Embora eles adorem a Deus meticulosamente, de facto contradizem tanto essa adoração, que a anula.



Guruvachaka Kovai, 818
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar 




Sadhu Om: 
Dado que igualdade [samatvam] é a natureza de Deus, a Experiência de Deus é chamada de samadhi [o estado em que a mente permanece em equilíbrio]. Assim, aqueles que negam a igualdade a outros, estão a ir contra Deus. 


Sri Muruganar: 
Assim como o sol ou a chuva, Deus não rejeita ninguém. Sri Swami Ramalinga invoca, "Ó Igualdade, que permaneces imparcial, tanto para pessoas boas como más ". 
Portanto, os devotos também não devem desviar-se do estado de igualdade; se se desviam, então a sua adoração a Deus não é válida.










O Atma-swarupa, a realidade invariável que permanece uniforme como o Senhor de todos os jivas e como 'Eu-Eu' nos seus corações, brilha na forma da verdade, que é a fonte de todos os dharmas. Portanto, se uma pessoa quebra a sua promessa, mesmo que seja num momento de perigo para a sua vida, isso irá resultar em sofrimento inevitável para ela.

Guruvachaka Kovai, 821
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar









A PRÁTICA DA VERDADE

A Grandeza da Instrução


As mentes perplexas e confusas dos devotos fluem e fogem para os caminhos sem valor dos sentidos. Esteja certo de que as palavras sábias daquele que tomou firme posse do Coração [o Guru] são os indicadores excelentes para o objectivo de levarem as suas mentes a habitar no Coração, cessando o seu fluxo para fora. (502)



O verdadeiro conhecimento [jnana] não vai amanhecer sem se explorar interiormente a essência da instrução "Tu És Isso” incessantemente proferida, através do Seu olhar eloquente, pelo Sadguru, O Ser, a forma de Shiva [na Terra], habitando no coração dos Seus devotos. (503)


O brilho ininterrupto do Ser, a vida da vida, como a consciência natural “Eu-Eu” no coração é a natureza da dádiva de Deus de upadesa ininterrupta ao discípulo merecedor. (504)

Sadhu Om: 
Este versículo explica ainda as ideias reveladas na instrução: 
"Para algumas almas altamente maduras acontece que o Senhor revela a Realidade a partir de dentro por ser Ele o Conhecimento do seu conhecimento", 
dada por Sri Bhagavan como resposta à oitava pergunta:
"Como é que alguns Sábios atingem o conhecimento supremo, mesmo sem um Guru?", 
no capítulo 'Upadesa' no livro Upadesa Manjari. Este versículo explica como o Ser, sendo o Guru interior, ensina o verdadeiro conhecimento a uma alma completamente madura mesmo sem tomar uma forma humana exterior. O brilho de 'Eu-Eu', a essência da consciência “sou”, é o ensinamento silencioso do Guru interior, o Ser. 
Uma vez que o conhecimento supremo, não-dual, não é senão a Auto-consciência "Eu sou", o seu brilho como 'Eu-Eu' por si mesmo é o conselho interior silencioso do Guru induzindo o discípulo [a mente] a permanecer sempre n’Ele. É assim que o Ser actua como o Guru interior.

 


Guruvachaka Kovai, 502 - 503 - 504
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar









Saiba que a essência da verdade suprema que é batida [como a manteiga, a partir do leite] a partir dos quatro Vedas, que estão cheios de palavras que dissipam a ignorância, é a palavra única, Silêncio, que é “a unidade da alma individual com o Supremo” [jiva-brahma-aikya].


Guruvachaka Kovai, 505
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar









Qualidades diabólicas [asura sambat] só trarão ruína. Sabendo bem isto, desenvolva apenas qualidades divinas [deyva sambat]. Apenas Upasana, que semeará qualidades divinas no coração, salvará a sua alma.

Guruvachaka Kovai, 511
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar





Sadhu Om: 
Aqui, upasana deve ser entendida como agarrar-se a Si Mesmo, ou seja, atender ao Ser, que é Auto-investigação. Pois a Auto-investigação por si só concede toda as qualidades divinas [deyva sambat]. A palavra "sambat" significa “aquilo que é ganho”. Uma vez que todas as coisas ganhas externamente trarão apenas infelicidade ao jiva, só "deyva Sambat" é digno de se ganhar, e é desenvolvido exclusivamente pela Auto-investigação.









O Poder do Yoga

Tendo tomado o gosto do ver através dos sentidos enganadores diminuir, e assim ter terminado o falso conhecimento objectivo da mente, o ego saltitante, conhecer a luz sem luz [prajna ou Auto-consciência] e o som sem som [o Atma-sphurana “Eu sou “] no coração é o verdadeiro poder do yoga [yoga-sakti].  (691)



Uma vez que é só o esforço feito em vidas passadas que depois, amadurecendo, se torna o prarabdha [dos nascimentos presente e futuros], saiba que também é possível, para quem já havia feito esse esforço, mudar o prarabdha através do esforço raro [de se voltar para o Ser].  (692)


Michael James:As palavras "esforço raro" que Sri Bhagavan usa aqui devem ser entendidas como significando apenas o esforço de voltar a mente em direcção ao Ser, porque este esforço é raramente feito pelos jivas e, portanto, é o mais raro de todos os esforços. As palavras "mudar o prarabdha” devem ser entendidas como “transcender o prarabdha”, porque pelo esforço de Auto-atenção a pessoa perde o sentido de individualidade (bem como o sentido de ser o fazedor e o experienciador, que são inerentes à individualidade) e portanto, não pode mais experimentar o prarabdha. Esta ideia é confirmada no versículo seguinte.



Não importa que bons karmas tenham produzido que prazeres ou que maus karmas tenham produzido que dores, como seu resultado; conquiste o poder de ambos mergulhando a mente no seu próprio Ser, a Realidade suprema.  (693)



Sadhu Om:Quando a mente mergulha no Ser, o sentido de ser o fazedor e de ser o experienciador é perdido. Então, uma vez que deixa de haver alguém para experimentar o prarabdha, diz-se que o prarabdha foi conquistado. Consulte também o versículo 38 de Ulladu Narpadu e o versículo 33 de Ulladu Narpadu - Anubandham.

Guruvachaka Kovai, 691 - 692 - 693
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar













Controlo da Respiração


Desistir do nome e da forma [os falsos aspectos] do mundo - que consiste na existência, consciência, bem-aventurança, nome e forma - é a exalação [rechaka], realizar a existência – consciência – bem-venturança é a inalação [puraka], e permanecer sempre firmemente como existência – consciência – bem-aventurança é a retenção [kumbhaka]. Faça [tal pranayama]. (700)


Sadhu Om: 
Pranayama significa a prática de regular a respiração. No raja yoga, exalar a respiração é chamado rechaka, inalar a respiração é chamado puraka, e reter a respiração nos pulmões é chamado kumbhaka. 
Neste versículo, o verdadeiro significado do pranayama é descrito segundo o jnana marga. Consulte também o capítulo X, 'Jnanashtanga', da obra Vichara Sangraham de Sri Bhagavan, onde esta mesma ideia é transmitida. 

Sri Muruganar: 
Além dos cinco aspectos de Brahman, ou seja, existência, consciência, bem-aventurança, nome e forma [sat, chit, ananda, nama e rupa], as características distintivas do mundo são nome e forma e, portanto, desistir completamente destas duas é rechaka. Portanto, quando o nome e forma ilusórios são abandonados como uma imaginação ou miragem, o que resta são os verdadeiros aspectos [satya amsas], ou seja, existência, consciência e bem-aventurança. 
Uma vez que estes três, que são as características distintivas do Ser, são a realidade do mundo, realizá-los é puraka. Permanecendo sempre nessa realização é kumbhaka. Ou seja, destruir as tendências para o mundo [loka-vasanas], realizar o Ser e sempre permanecer como Ele, é o significado de Jnanapranayama. Embora sat, chit e ananda sejam nomeados como sendo três coisas diferentes, na prática eles são realmente uma e a mesma coisa. Neste contexto, ver também o versículo 979 desta obra.



Desistir completamente da noção de "eu sou o corpo" é rechaka; mergulhar interiormente através do escrutínio subtil "Quem sou eu?" é puraka; e permanecer como um com o Ser como "Eu sou Isso" é kumbhaka - tal é jnanapranayama (701)


Sadhu Om 
No versículo anterior foi dito que desistir dos nomes e formas do mundo é rechaka. E uma vez que prestar atenção ao Ser incessantemente é realizar existência – consciência – bem-aventurança, que é a realidade tanto do mundo como de si mesmo, mergulhar interiormente investigando "Quem sou eu?", é dito aqui ser o correcto puraka. Dado que existência, consciência e bem-aventurança na verdade não são três coisas diferentes, mas apenas o Ser, permanecer sempre como Ser é dito aqui ser o correto kumbhaka. Assim, neste versículo, jnanapranayama, de acordo com o caminho de Sri Ramana é explicado de uma forma mais prática.



Quando alguém, que foi iludido e julga que é a mente, e que esteve vagueando [através de nascimentos e mortes], desiste da sua vida de sonho ilusório, investiga o Ser, o seu próprio estado, e permanece sempre como o Ser, esse é o verdadeiro pranayama. Assim deveria saber.  (702) 


Neste versículo, desistirmos da nossa vida de sonho ilusório é entendido como rechaka, investigar o Ser, o nosso próprio estado, é entendido como puraka, e permanecer sempre no Ser é entendido como kumbhaka.



Guruvachaka Kovai, 700 - 701 - 702
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar









Ele [o Jnani] que permanece como Siva em Si mesmo, tendo destruído a mente [o conhecimento limitado "Eu sou tal-e-tal"], reside igualmente em todos os jivas [como o seu Eu real, o conhecimento ilimitado "Eu Sou"]. 

[Por isso] ao meditar sobre a forma [swarupa] d'Ele, que brilha claramente como um Mukta, [por Sua Graça] a verdadeira luz [do Auto-conhecimento] brilhará a partir de dentro [como o sphurana 'Eu-Eu'].



O swarupa do Jnani pode aqui significar tanto Sua forma física como a Sua verdadeira natureza. Mas uma vez que a verdadeira natureza do Jnani é o Ser, a nossa própria verdadeira natureza, que é comum a todos (samanya), e uma vez que este versículo aponta para a swarupa do Jnani em particular (visesha), aqui é mais adequado a palavra "swarupa" significar a Sua forma física. Além disso, quando lemos os outros versículos deste capítulo, podemos perceber que estão todos relacionados com a grandeza da forma física do Jnani e o benefício inestimável a ser adquirido pela associação com essa forma. 
Sri Bhagavan louvava frequentemente a grande eficácia do sat-sang (associação ou contacto com um Jnani), e Ele também costumava salientar que o contacto mental é melhor do que o mero contacto físico (ver Day by Day, 9-3-46) . É por isso que Sri Bhagavan assegura neste versículo que através do pensamento na forma do Jnani, a verdadeira luz do Auto-conhecimento brilhará de dentro. Essa é também a razão pela qual Sri Bhagavan afirmou que pelo mero pensamento na forma de Arunachala, Mukti seria alcançado. 
Portanto, os devotos não precisam recear que o sat-sang de Sri Bhagavan não esteja disponível agora que a Sua forma física desapareceu; o Seu sat-sang está sempre disponível para os voltam a sua mente em direcção a Ele.  
Sri Muruganar:
O swarupa de um Mukta reside como o swarupa de Siva em todos os jivas. A fim de revelar que a razão pela qual a verdadeira luz vai brilhar por si própria no coração de quem pratica meditação sobre o Seu swarupa, diz-se, "Aquele que permanece como o próprio Siva", e, "Ele reside dentro de todos os jivas igualmente" 


Guru Vachaka Kovai, 1126
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar









Apenas a realização do nosso próprio swarupa, que é Brahman, o Conhecimento da Libertação, é o verdadeiro Jnana-Siddhi. Todos os outros oito tipos de siddhis pertencem apenas à mente instável e ao seu poder de imaginação.
  
Guru Vachaka Kovai, 224
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar



Tradução: Blog 'Texto Meditativo'

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