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Aqueles que entraram no caminho puro da Auto-investigação - jnana-vichara - "Quem sou eu?", nunca se confundem nem perdem o rumo. A razão é que esse caminho é recto e directo, como a luz do sol. Ele lhes irá revelar a sua própria singularidade e incontestável clareza.
Guruvachaka Kovai, 393
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar
ॐ
Sri Muruganar: Ao contrário de karma, bhakti, yoga, etc., que, criticamente analisados, têm que ceder aos outros caminhos, mudando o seu curso e inflectindo um pouco, a Auto-investigação [investigação do Ser] nunca tem de ceder e mudar o seu curso, por causa da singularidade do Ser.
Portanto, Sri Bhagavan chama ao caminho da Auto-investigação o caminho puro e o caminho directo.
Além disso, como se tem que ter pelo menos um pouco de Auto-atenção [atenção ao Ser] a fim de alcançar o Objectivo final, mesmo que se possa ter avançado através de alguns outros caminhos, este caminho é chamado por Sri Bhagavan de o caminho supremo.
Uma vez que este caminho é comparado ao Sol, devemos considerar o Ser como sendo o Sol, e a Auto-investigação como sendo o seu raio.
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Se, em vez de prender a atenção no Coração, fechando
os buracos [os sentidos através dos quais a atenção se apressa a fugir], você
quebrar a barreira [se não seguir as instruções dos Sábios para o controlo da
mente], isto é semelhante ao erro desastroso de arruinar uma vasta área de
campos de cultivo por rebentar os diques construídos num lago e soltar toda a
sua água.
Guruvachaka Kovai, 686
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar
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Para aqueles que sinceramente embarcaram no cumprimento do
seu dever, [que é a permanência no Ser], escorregar do estado de Ser que possui
a excelência da não-dualidade é em si mesmo uma falta grave. Sendo assim, ao
reflectir sobre isto, pode a ingerência nos assuntos alheios ser coerente [com
esse dever]?
Guruvachaka Kovai, 786
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar
ॐ
Sadhu Om:
No versículo 266 do Tirukkural,
Tiruvalluvar diz, "Só aqueles que fazem Tapas são aqueles que fazem seus deveres". Portanto, o
principal dever ou dharma de um
aspirante é fazer o verdadeiro Tapas
de prestar atenção e permanecer no Ser. Por isso, abrandamento na Auto-atenção é
um deslizamento de um dever ou dharma;
em outras palavras, prestar atenção a outras coisas é o pecado de adharma.
Sendo assim, quanto mais pecado
não será se um aspirante interfere nos assuntos dos outros?
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A conduta de um Discípulo
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Por tudo isso, o dever de um
discípulo é de, mesmo em sonhos, seguir
firmemente e respeitar o digno ensinamento
da Sua experiência imortal
dado pelo Guru, que brilha com a
mais alta qualidade divina, a de
Graça incausada [avyaja Karuna]. (798)
Sadhu Om:
A expressão
'por tudo isso' que inicia este versículo, faz alusão ao mesmo ‘por tudo isso’
que é utilizado na seguinte passagem de 'Quem sou eu?': "Assim como a
presa que caiu nas garras de um tigre não pode escapar, assim também aqueles
que se tornaram alvo do olhar da Graça do Guru serão certamente salvos e nunca estarão desamparados;
Por tudo isso, deve-se seguir sem falhar o caminho mostrado pelo Guru".
Ver o
Versículo 284.
Se acontecer que mesmo os melhores, que abraçaram
firmemente os meios para se redimirem das misérias do samsara, se desviem do comportamento prescrito pelos Vedas, seja
devido a esquecimento ou qualquer outro motivo [tais como pobreza ou doença], eles não devem em nenhum caso
transgredir as instruções do Guru que lhes falou sobre a verdade suprema. (799)
Sadhu Om:
Embora os Vedas tenham sido dados
pelo Próprio Deus para o bem daqueles que têm seguido os Vedas ao longo de muitas
vidas e que deste modo atingiram a maturidade de espírito, Ele finalmente toma
a forma do Guru pela Sua Graça e ensina o caminho da investigação-do-Ser, Auto-investigação,
para que possam alcançar a união não-dual com Ele e, assim, desfrutar d’ Ele, a
suprema bem-aventurança.
Quando Deus vem, assim, na forma do Guru, as Suas
palavras devem ser tomadas pelo discípulo como mais importantes e sagradas do
que as palavras dos Vedas, porque as palavras do Guru são instruções dadas a
ele de acordo com o seu estado de maturidade, enquanto que as palavras dos
Vedas foram as instruções dadas a ele para se adequarem ao seu então estado de
imaturidade.
Assim, neste versículo está implícito que, se algumas das regras dos
Vedas representarem obstáculos à Auto-investigação,
até mesmo as palavras dos Vedas devem ser abandonadas.
As palavras dos sábios dizem que se alguém faz mal [apacharam] a Deus, isso pode ser corrigido através da Graça do Guru, mas um apacharam feito ao Guru não pode ser corrigido nem mesmo por Deus. (800)
Sri Muruganar:
As palavras "códigos Védicos" [veda-neri] significam as observâncias
[acharas] e assim por diante prescritas nos Vedas.
Àqueles que se
desviam das palavras do Guru, é dito que mesmo que alguém se desvie dos códigos
Védicos nunca deve desobedecer às palavras do Guru. Assim, salienta-se que a
devoção ao Guru é superior à devoção a Deus.
Quando o
verso 801 foi mostrado a Sri Bhagavan, Ele compôs um verso Seu transmitindo o
mesmo significado. Este verso de Sri Bhagavan é transcrito abaixo como versículo
B14, e também está incluído em Ulladu Narpadu Anubandham como o versículo 39.
Uma vez que o significado desses dois versículos, que são traduções do
versículo 87 do trabalho de Sri Adi Sankara Tattvopadesa, é o mesmo, apenas uma
tradução do versículo B14 é dada aqui.
Oh filho, que sempre tenha [a experiência da] não-dualidade [advaita] no Coração, mas que nunca expresse não-dualidade na acção. Não-dualidade pode ser aplicada em relação aos três mundos, mas saiba que não-dualidade nunca deve ser aplicada em relação ao Guru. (B14)
Michael James:
Os três
mundos são Brahma Loka, Vishnu Loka e Siva Loka, e aplicar não-dualidade em
relação aos três mundos significa ter uma atitude mental “Eu não sou diferente
de Brahma, de Vishnu ou de Siva”. No entanto, enquanto o nosso ego ou individualidade
sobrevive, não se deve ter a atitude “Eu não sou diferente do Guru”, uma vez
que tal atitude seria um mero acto de imaginação e faria o nosso ego aumentar
ainda mais.
Assim, este versículo sublinha a mesma ideia do versículo 800, ou
seja, apesar do mal que se possa fazer a Deus, não se deve fazer nenhum mal ao
Guru, porque o Guru deve ser considerado ainda mais sagrado até do que Deus.
Guruvachaka Kovai, 798-799-800-B14
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar
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Assim como por [o alimentar com] manteiga, um fogo irá
resplandecer e não vai ser extinto, assim também por satisfazer desejos, o fogo do desejo nunca vai diminuir.
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar
ॐ
A palavra em Tamil é 'kama', que denota desejo em geral e luxúria em particular.
Em forma de poema:
Não extinta, e com furor ardente
A chama, com manteiga se fortalece;
O fogo do desejo nunca desaparece
Quanto mais e mais se contente.
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Para o grande carro
do templo percorrer as ruas e chegar com segurança ao seu destino, são
indispensáveis não só os fortes sustentáculos que mantêm as rodas presas ao
eixo, mas também os blocos de protecção que regulam os seus movimentos e as impedem
de ficarem sem controlo e de se precipitarem para as bermas das ruas.
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar
Sri Muruganar e Sadhu Om:
Em todo este verso, apenas um
exemplo [upamana] é dado e o 'exemplificado' [Upameya] é deixado para o leitor inferir.
Deveria ser entendido como:
"Da mesma forma, para um aspirante concluir
com êxito o seu Tapas ou sadhana (caminho espiritual), é indispensável não só um carácter e um modo
de vida imaculado, mas também os obstáculos que vêm através de prarabdha*. Assim,
um aspirante deve aceitar os obstáculos pacientemente, vendo-os como sendo
devidos à Graça”.
Por exemplo, as palavras duras: "Para que serve tudo isto
a alguém que é assim?", proferidas pelo irmão mais velho do jovem
Venkataraman, quando pacientemente aceites, trouxeram ao mundo um grande
Bhagavan Sri Ramana Maharshi.
Não só por palavras como estas
não intencionais, mas mesmo pelos problemas intencionais causados por pessoas
más, resultará um grande bem na vida de um aspirante.
* Prarabdha: Karma começado, também chamado "maduro" ou "activo"; aquele cujos efeitos inevitáveis se manifestam durante a vida presente na nossa própria natureza, isto é, aqueles que constituem o nosso carácter, e as múltiplas circunstâncias que nos rodeiam.
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O fruto de [o Guru] permitir um fracasso nos esforços de um sadhaka* é fazer com que ele compreenda que somente pela Graça do Guru e não apenas pelo próprio esforço é possível ser obtido Siddhi [a realização do auto-conhecimento], e [assim] o preparar para buscar a Graça do Guru.
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar
* Sadhaka: Praticante de uma caminho espiritual (Sadhana)
Sadhu Om:
A aniquilação do ego é o objectivo de todas as sadhanas espirituais. Mas se parecer que existe sucesso nos esforços de um aspirante, não irá haver oportunidade para que o ego irrompa de novo crescendo com mais força, pelo menos na forma "Eu tenho feito muito tapas e consegui" ?
Portanto, a fim de impedir que tal coisa aconteça, mesmo nos esforços mais sinceros de um aspirante, os fracassos são muitas vezes provocados pela Graça do Guru.
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Deixe o que acontece acontecer
na forma como acontece [isto é, como está destinado por Deus a acontecer]. Não entretenha o menor pensamento de ir contra. Sem
embarcar em qualquer novo empreendimento, torne-se um com o vidente que vê o
olho, aquele que permanece pacificamente imerso no Coração..
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar
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Maior do que a quietude não há realização; maior
do que a quietude não há nenhum esforço;
maior do que a quietude não há Tapas;
maior do que a [vida em] quietude não existe vida imortal.
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar
O que aqui é chamado de quietude é o
estado de Silêncio da mente. Isto pode ser conseguido apenas por incessante inquirição
[vichara]. Quando a mente sabe que na
verdade não há nada para rejeitar ou aceitar, ela vai perder os seus movimentos
[chalana] e vai permanecer na paz suprema [parama-Santi]. Uma vez que essa paz é a semente do estado natural
[sahaja], é dito aqui que é a "vida imortal" [amara vazhvu].
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A agitação é o inimigo que dá problemas; agitação conduz à prática de pecados hediondos; agitação é embriaguez; agitação da mente é profundo e escuro poço.
Guruvachaka Kovai, 797
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar
Sri Muruganar:
Uma vez que o movimento rápido de pensamentos muito subtis é em si mesmo sofrimento, essa agitação é descrita aqui como embriaguez e como um inimigo hediondo.
Uma vez que todos os inimigos internos, tais como desejo, raiva e orgulho não são nada mais do que os movimentos subtis dos pensamentos, aquele que destruiu esse movimento, a partir desse momento, será desprovido de todos os tipos de inimigos, pecados hediondos, sofrimentos e do poço de ignorância.
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Aquele que engana os outros é seu próprio
inimigo e está fazendo mal a si mesmo. (806)
Tudo o que se dá aos outros, se está dando
apenas a si mesmo. Se esta verdade é compreendida, quem irá abster-se de dar aos
outros? (807)
Sadhu
Om:
A idéia expressa neste versículo pode ser encontrado em forma de prosa em “Quem sou eu?”
Uma vez que todos são o nosso próprio Ser, quem faz
o que quer que seja [bem ou mal] a quem quer que seja, só o está a fazer a si
mesmo. [Portanto, só se deve fazer o bem aos outros]. (808)
Ao dar esmolas a Sridhara [Senhor Vishnu],
Mahabali tornou-se grande, embora tenha sido reprimido e enviado para Patala Loka [aos Pés do Senhor]. Portanto, "Embora
seja apenas uma desventura que se abate sobre alguém, por dar, o dar é digno, mesmo à custa de vender a si mesmo". (809)
Guruvachaka Kovai, 806-807-808-809
Grinalda das
Palavras do Guru, de Muruganar
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Aquele que está sempre alegre, pronunciando palavras
de conforto [abhaya] a todas as
criaturas e se comportando de tal forma que nenhuma vai ter medo dele, não teme
nem mesmo Yama [o Deus da morte], uma
vez que se encontra estabelecido no estado de igualdade, sendo o espelho do Ser.
Guruvachaka Kovai, 810
Grinalda das Palavras do Guru, de Muruganar
Sadhu Om:
Já que todos têm grande apego ao seu corpo como
"eu" e uma vez que a morte os separa do seu corpo, todos temem a
morte. Mas uma vez que um Jnani tem a
experiência de estar separado do corpo, mesmo enquanto Ele está a viver no corpo,
só Ele pode não ter nenhum medo da morte e, portanto, pode dar abhaya ou refúgio a qualquer um.
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Tradução: Blog 'Texto Meditativo'
Consulta:
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