Fonte:
'I' is the centre and source of time and space
Michael James
http://happinessofbeing.blogspot.co.uk/2014/01/i-is-centre-and-source-of-time-and-space.html
Sexta-Feira, 17 Janeiro 2014
Um novo amigo escreveu-me recentemente dizendo que acha que entendeu o conceito de tempo, mas ainda não compreendeu o conceito de espaço. Na minha resposta escrevi:
O conceito de espaço é apenas isso: um conceito ou ideia, e como tal é uma construção mental.
Tempo e espaço são os dois quadros conceptuais interligados dentro de cada um dos quais organizamos todas as outras ideias sobre o mundo físico. Sem espaço, não haveria lugar para mais de uma coisa parecer que existe (porque cada coisa requer um local separado no qual existir, uma vez que duas coisas não podem simultaneamente ocupar o mesmo lugar), então o espaço é o quadro conceptual que permite a aparência de multiplicidade. Da mesma forma, sem o tempo, não haveria possibilidade de qualquer mudança parecer ter lugar, então o tempo é o quadro conceptual que permite a aparência de mudança, o que parece estar constantemente a ocorrer dentro desta aparência de multiplicidade.
Portanto, para conhecer o "Eu", que é um e imutável, nem o espaço nem o tempo é necessário. Na verdade, todas as ideias de espaço e tempo precisam ser postas de lado a fim de podermos experienciar o "Eu" como ele realmente é, porque espaço é a base para a ilusão da multiplicidade (que é experienciada como "eu" e outras coisas), e tempo é a base para a ilusão da mudança (em que o "eu" parece ser apenas uma entre muitas coisas mudando).
Assim como o movimento de um comboio onde vamos sentados cria a ilusão de que as árvores, casas e outros objectos fixos se movem rapidamente, assim também a mudança que experienciamos em tudo que nos rodeia no tempo e no espaço cria a ilusão de que este "eu" imutável também está mudando.
A nossa experiência de espaço e tempo é centrada em torno de dois pontos cruciais: 'aqui' e 'agora'. 'Aqui' é qualquer ponto no espaço em que eu actualmente experiencio estar, e 'agora' é qualquer ponto no tempo em que eu actualmente experiencio ser. Uma vez que experienciamos qualquer outro lugar no espaço e qualquer outro momento no tempo, da forma como eles se relacionam com o actual ponto no espaço, 'aqui', e o actual ponto no tempo, 'agora', e uma vez que estes pontos são os únicos em que o "eu" está presente, o centro em torno do qual todo o espaço e tempo são experienciados é apenas o "eu".
Além disso, uma vez que tempo e espaço são experienciados apenas quando experienciamos este "eu" como algo que é separado deles e de todas as outras coisas e acontecimentos que parecem existir neles, o "eu" não é apenas o centro da nossa experiência de tempo e espaço, mas é também a fonte e raiz de tal experiência.
Apesar de o "eu" ser assim tanto o centro como a fonte da nossa experiência de tempo e espaço, parece-nos que nós (este "eu") nos estamos a mover através do tempo numa direcção do passado para o futuro, e a deslocar-nos no espaço. No entanto, também nos parece - quando visto de uma forma ligeiramente diferente - que o tempo está a passar por nós e o espaço à nossa volta a mover-se em relação a nós (assim como objectos parados do lado de fora parecem estar a passar por nós quando estamos sentados num comboio em movimento).
Assim podemos conceber a relação entre espaço e 'aqui' de duas maneiras. Normalmente concebemos o espaço como um quadro fixo dentro do qual nós e outros objectos nos movemos, e onde quer que nós nos movemos (ou seja, o nosso corpo), 'aqui' move-se junto connosco (porque 'aqui' é sempre onde "eu" estou, por isso quando um corpo é experienciado como "eu", 'aqui' é onde esse corpo está). Alternativamente, podemos conceber 'aqui' como sendo o ponto fixo em relação ao qual o espaço se move. Agora este lugar onde eu estou é 'aqui', mas se o meu corpo sair desta sala, outros lugares (ou seja, pontos no espaço) entram e ocupam temporariamente 'aqui'.
Se analisarmos a nossa experiência, esta última é a que experienciamos mais directamente, porque subjectivamente experienciamos o mundo que se move em relação ao 'aqui', o ponto central no espaço, localizado no "eu". No entanto, embora isto seja o que experienciamos em primeiro lugar, devido à nossa perspectiva objectiva rejeitamos esta visão subjectiva e em vez disso sobrepomos fixidez no espaço, e assim criamos uma ilusão secundária de que o espaço é fixo e 'aqui' se move em relação a ele.
Quando estamos sentados num comboio em movimento, se a nossa atenção é dirigida para as coisas nas proximidades fora do comboio, elas parecem estar em movimento e nós parecemos estar parados em relação a elas, enquanto que se a nossa é dirigida para objectos distantes no horizonte, eles tendem a parecer mais parados e nós parecemos estar a mover-nos em relação a eles. Da mesma forma, quando escolhemos uma visão mais subjectiva da nossa existência, atendendo à forma como as coisas realmente parecem ser a partir de uma perspectiva estritamente de primeira-pessoa, parece-nos que estamos relativamente parados e que os locais no espaço se movem em relação a nós (tal como poderíamos dizer ao viajar num comboio, 'Londres está agora a aproximar-se', enquanto que quando escolhemos uma visão mais objectiva da nossa experiência, atendendo ao mundo físico como se ele existisse 'lá fora', independente da nossa percepção dele, parece-nos que o espaço físico é um conjunto fixo de locais no qual nos movimentamos.
Nenhuma destas concepções alternativas é verdadeira, porque o mundo, o espaço em que parece existir e o tempo em que parece mudar é tudo uma ilusão, mas a concepção de que o espaço se move em relação ao ponto fixo 'aqui' está mais perto da verdade do que a concepção de que 'aqui' se move em relação a um quadro fixo chamado espaço, porque 'aqui' é onde o experienciador "eu" está localizado, ao passo que o espaço é o quadro conceptual em que tudo o que é experienciado parece estar localizado. Uma vez que o experiencidador é sempre vivido no centro de tudo o mais que é experienciado, qualquer lugar que seja agora experienciado como 'aqui' é experienciado como o ponto central no meio de todos os outros lugares que experienciamos em torno de nós.
Além disso, uma vez que tempo e espaço são experienciados apenas quando experienciamos este "eu" como algo que é separado deles e de todas as outras coisas e acontecimentos que parecem existir neles, o "eu" não é apenas o centro da nossa experiência de tempo e espaço, mas é também a fonte e raiz de tal experiência.
Apesar de o "eu" ser assim tanto o centro como a fonte da nossa experiência de tempo e espaço, parece-nos que nós (este "eu") nos estamos a mover através do tempo numa direcção do passado para o futuro, e a deslocar-nos no espaço. No entanto, também nos parece - quando visto de uma forma ligeiramente diferente - que o tempo está a passar por nós e o espaço à nossa volta a mover-se em relação a nós (assim como objectos parados do lado de fora parecem estar a passar por nós quando estamos sentados num comboio em movimento).
Assim podemos conceber a relação entre espaço e 'aqui' de duas maneiras. Normalmente concebemos o espaço como um quadro fixo dentro do qual nós e outros objectos nos movemos, e onde quer que nós nos movemos (ou seja, o nosso corpo), 'aqui' move-se junto connosco (porque 'aqui' é sempre onde "eu" estou, por isso quando um corpo é experienciado como "eu", 'aqui' é onde esse corpo está). Alternativamente, podemos conceber 'aqui' como sendo o ponto fixo em relação ao qual o espaço se move. Agora este lugar onde eu estou é 'aqui', mas se o meu corpo sair desta sala, outros lugares (ou seja, pontos no espaço) entram e ocupam temporariamente 'aqui'.
Se analisarmos a nossa experiência, esta última é a que experienciamos mais directamente, porque subjectivamente experienciamos o mundo que se move em relação ao 'aqui', o ponto central no espaço, localizado no "eu". No entanto, embora isto seja o que experienciamos em primeiro lugar, devido à nossa perspectiva objectiva rejeitamos esta visão subjectiva e em vez disso sobrepomos fixidez no espaço, e assim criamos uma ilusão secundária de que o espaço é fixo e 'aqui' se move em relação a ele.
Quando estamos sentados num comboio em movimento, se a nossa atenção é dirigida para as coisas nas proximidades fora do comboio, elas parecem estar em movimento e nós parecemos estar parados em relação a elas, enquanto que se a nossa é dirigida para objectos distantes no horizonte, eles tendem a parecer mais parados e nós parecemos estar a mover-nos em relação a eles. Da mesma forma, quando escolhemos uma visão mais subjectiva da nossa existência, atendendo à forma como as coisas realmente parecem ser a partir de uma perspectiva estritamente de primeira-pessoa, parece-nos que estamos relativamente parados e que os locais no espaço se movem em relação a nós (tal como poderíamos dizer ao viajar num comboio, 'Londres está agora a aproximar-se', enquanto que quando escolhemos uma visão mais objectiva da nossa experiência, atendendo ao mundo físico como se ele existisse 'lá fora', independente da nossa percepção dele, parece-nos que o espaço físico é um conjunto fixo de locais no qual nos movimentamos.
Nenhuma destas concepções alternativas é verdadeira, porque o mundo, o espaço em que parece existir e o tempo em que parece mudar é tudo uma ilusão, mas a concepção de que o espaço se move em relação ao ponto fixo 'aqui' está mais perto da verdade do que a concepção de que 'aqui' se move em relação a um quadro fixo chamado espaço, porque 'aqui' é onde o experienciador "eu" está localizado, ao passo que o espaço é o quadro conceptual em que tudo o que é experienciado parece estar localizado. Uma vez que o experiencidador é sempre vivido no centro de tudo o mais que é experienciado, qualquer lugar que seja agora experienciado como 'aqui' é experienciado como o ponto central no meio de todos os outros lugares que experienciamos em torno de nós.
Se o espaço ou o tempo existem independentes da nossa experiência deles, pode ser verdade que nos movemos em relação a eles, mas se eles não existem independentes da nossa experiência deles, o que é fixo é apenas nós mesmos, e todo o movimento é em relação a nós, que o experienciamos. Portanto, para descobrir se somos algo que está fixo ou algo que se está a mover e a mudar, precisamos investigar este "eu": quem ou o que sou eu?
Quando Sri Ramana investigou a ele mesmo para saber se o "eu" na verdade sofre a maior mudança chamada de "morte", ele descobriu que o "eu" é a única realidade imutável e infinita, e que tudo o mais que é experienciado é apenas uma ilusão. Portanto, fosse o que fosse que as pessoas lhe perguntassem, a sua resposta imediata foi sempre pedir-lhes para descobrir quem é o "eu" que quer saber as respostas para tais perguntas, e somente se mostrassem ser incapazes de reconhecer ou aceitar que investigando quem sou eu iria resolver todos os seus problemas e responder a todas as suas perguntas, ele iria dar alguma outra resposta para atender às suas limitadas aspirações e poder de compreensão.
Portanto, de acordo com a experiência de Sri Ramana, o que está realmente fixo é o "eu", e tudo o mais está mudando, mas porque nós confundimos uma coisa que muda (uma pessoa composta de um corpo e mente) como sendo "eu" e porque estamos mais interessados em atender e experienciar outras coisas do que estamos em atender e experienciar apenas "eu", transpomos a nossa percepção do que é fixo de nós mesmos para o espaço no qual o mundo exterior parece existir.
Assim tempo e espaço são duas ilusões básicas que tanto nos confundem. Para corrigir esta confusão, que está enraizada na confusão primordial "eu sou este corpo", temos de tentar atender e experienciar apenas "eu". Se perseverarmos na tentativa de assim fazer, eventualmente seremos bem sucedidos, e quando o fizermos vamos experienciar a nós mesmos com perfeita clareza como realmente somos, não misturados e não contaminados com a aparência ilusória de qualquer outra coisa.
Portanto, para remover toda a nossa confusão actual, que é como uma mata densa e emaranhada que brotou de uma só raiz, ou seja, a ilusão "eu sou este corpo", temos de mudar o foco do nosso interesse e atenção para longe de todas as outras coisas, em direcção ao "eu" apenas. Este é o remédio simples mas poderoso que sempre esteve disponível para nós, mas que só agora reconhecemos porque foi para nós salientado por Bhagavan Ramana.
ॐ
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