sábado, 18 de outubro de 2014

Força Divina





Suri Nagamma

Compiladora de

Cartas do Sri Ramanasramam,
A Minha Vida no Sri Ramanasram, Cartas e Memórias

                                         

                         
Suri Nagamma veio para junto do guru Bhagavan Ramana Maharshi em 1941.
Nasceu em Guntur, Andhra Pradesh.



A Foto acima foi digitalizada do Livro de Arunachala - Ramana - Volume V


       
CARTA Nº 87
FORÇA DIVINA


      Fui para o Salão às 2h30 da tarde. Bhagavan já lá estava, a ler um pedaço de papel que alguém lhe tinha entregado. Sentei-me ali à espera de ouvir o que Bhagavan diria. Bhagavan dobrou o papel com um sorriso e disse: "Tudo isto ocorrerá se alguém pensar que existe uma diferença entre Bhagavan e si mesmo. Se alguém pensar que não existe tal diferença, nada disto ocorrerá."


É o suficiente, se dizemos que não existe diferença entre Bhagavan e nós mesmos? Não é necessário inquirir quem se é, e qual é a nossa origem, antes de se pensar que não há diferença entre si mesmo Bhagavan? Porque é que Bhagavan está a dizer isto? Eu estava a pensar em perguntar a Bhagavan porque é que ele nos estava assim a induzir em erro, mas não consegui reunir coragem suficiente para o fazer. Não sei se Bhagavan sentiu essa minha preocupação; mas de qualquer forma ele começou a falar novamente como se segue:


"Antes de uma pessoa perceber que não existe diferença entre ela e Bhagavan, ela deve rejeitar todos esses atributos irreais que não são realmente seus. Uma pessoa não pode perceber a verdade a menos que todas essas qualidades sejam descartadas. Há uma força Divina (Chaitanya Shakti), que é a fonte de todas as coisas. Todas essas outras qualidades não podem ser descartadas, a menos que nos apoderemos dessa força. É necessária Sadhana para se apoderar dessa força."


Eu encorajei-me ao ouvir aquelas palavras e disse inconscientemente, "Então existe uma força?" "Sim", respondeu Bhagavan, 



"Existe uma força. 
É essa força que se chama 
swasphurana  (consciência do Ser)."


Eu disse com voz trémula, "Bhagavan disse casualmente que é suficiente se pensarmos que não há diferença entre nós e Deus. Mas podemos descartar esses atributos irreais apenas se formos capazes de nos apossarmos dessa força. Quer seja a força Divina ou a consciência do Ser. Seja o que for, não a devemos conhecer?  Nós não conseguimos conhecê-la por muito que tentemos."


Nunca antes eu fizera perguntas a Bhagavan com tanta ousadia na presença de outros. Hoje, o impulso interior era tão grande, que as palavras saíram da minha boca livremente no decorrer da conversa, e os meus olhos encheram-se de lágrimas, e então voltei o rosto para a parede. Uma senhora que estava sentada ao meu lado disse-me depois que os olhos de Bhagavan também se humedeceram. Como é terno o seu coração para com os humildes!


Bhagavan às vezes costumava dizer,


"O jnani chora com os que choram, ri com os que riem, brinca com os que brincam, canta com os que cantam, acompanhando o ritmo da canção. O que é que ele perde? A sua presença é como um espelho puro, transparente. Ele reflecte a nossa imagem exactamente como somos. Nós é que desempenhamos os diversos papeis na vida e colhemos os frutos das nossas acções. Como é o espelho, ou o suporte no qual ele está montado, afectado? Nada os afecta, pois são meros suportes. Os actores neste mundo - os que praticam todos os actos - devem decidir por si mesmos qual a música e quais acções são para o bem-estar do mundo, o que está de acordo com os sastras, e o que é praticável.


Isto é o que Bhagavan costumava dizer. Esta é uma ilustração prática. 








Sadhana:  Esforço, prática espiritual
Jnani: Sábio: conhecedor de Brahman
Sastras: Regras; Conhecimento que se baseia em princípios intemporais



Tradução:  Blog Texto Meditativo

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