quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O Oceano e Vichara





MAHARSHI NO MEIO DE NÓS... 


  

Fonte: The Ocean and Vichara 

  


Esta pequena jóia de história apareceu n'O Caminho da Montanha 1989 - The Mountain Path 1989, pág 49, intitulado "Maharshi no meio de nós ...". A história foi contada por Sri MJ Kalyanarama Iyer mas originalmente foi relatada por Sri G. Venkatramier, um renomado poeta e estudioso, e um contemporâneo de Sri Ganapati Muni. 


Pessoalmente, achei esta pequena instrução de Bhagavan extremamente útil. Sempre que entro em luta com o meu mental, lembro-me desse episódio e então sinto-me como se Bhagavan me estivesse a dizer para ainda assim continuar, para me esforçar mais por "mergulhar debaixo da onda" ...


                                                          


      Isto aconteceu nos tempos iniciais do Skandashramam. Sri Bhagavan está sentado no seu lugar habitual num lado da varanda. Sri Swami Eswara está sentado ao lado. Sri Ganapati Muni Kavyakantha está a uma certa distância, enquanto G. Venkatramier está sentado perto dele. 

Venkatramier dirigiu-se a Sri Bhagavan assim: "Qualquer que seja a forma de ver, percebemos que a mente tem que ser subjugada. É-nos dito que ela tem de ser controlada. Isso pode realmente ser feito quando a mente, por um lado é uma entidade que não é facilmente compreendida, e por outro continua a ter preocupações mundanas? "

Kavyakantha moveu a cabeça ligeiramente para Venkatramier como a registar surpresa por ele ter escolhido perguntar sobre algo tão geral. 

Sri Bhagavan permaneceu em silêncio por um tempo e depois disse: 

"Hmm. Uma pessoa que nunca viu o oceano deve fazer uma viagem até ele para o conhecer. Estando ali, diante da enorme extensão de água, essa pessoa pode querer banhar-se no mar. De que serviria isso se, perante o rugido e enrolamento das ondas, ele ficasse ali pensando: 'Vou esperar que tudo acalme. Quando isso acontecer, entrarei na água para um banho tranquilo, tal como no lago lá de casa'? Ele tem de perceber, por si próprio ou sendo-lhe dito, que o oceano é agitação e que tem sido assim desde o momento da Criação e continuará da mesma forma até Pralaya (destruição). Ele, então, resolverá aprender a banhar-se nele, tal como ele é. Pode entrar na água a pouco e pouco, e talvez, através de alguma instrução recebida, aprenda a mergulhar debaixo de uma onda e a deixá-la passar por cima dele. Naturalmente irá prender a respiração enquanto faz isso. Em breve terá a habilidade suficiente para mergulhar, estender-se, onda após onda, e, assim, atingir o objectivo de tomar banho sem ficar aflito. O oceano pode continuar, que ele, dentro dele, está livre das suas garras. "

Bhagavan então acrescentou, depois de uma pausa: "Assim é também aqui."


                                                          

2 Comentários:

   R. disse: 
As ondas estão sempre lá à superfície e nunca param. Se alguém esperar que as ondas parem, tem que esperar para sempre.
Acho que só quando mergulhamos encontramos o único lugar onde não há ondas - *abaixo* da superfície, debaixo de água.:)

   Arvind disse: 
Bem dito, R. 
Há um outro aspecto sobre esta história que eu acho fascinante. Se alguém ler a descrição gráfica do oceano e sua natureza, sem saber quem é o autor, concluirá imediatamente que se trata de uma pessoa para quem o oceano é familiar; uma pessoa que talvez tenha vivido perto de uma praia, ou pelo menos tenha dado muitos mergulhos no oceano. Mas sabemos que Bhagavan nunca foi nem perto de qualquer praia nem nenhum oceano! Nem poderia ter sido exposto, nos primeiros tempos do Skandashram perante algum filme que mostrasse o mar (nem, creio eu, durante a fase de infância em Tiruchli ou Madurai). Talvez a única grande massa de água nas proximidades seria o grande lago Samudra, que iria encher-se durante as chuvas e dar uma impressão de vastidão, embora eu duvido que alguma vez tenha tido ondas como o mar.
Além disso, quase gracejando, Bhagavan começa dizendo: "Uma pessoa que nunca viu o oceano deve fazer uma viagem até ele para o conhecer"! Embora Ele Próprio nunca tenha feito essa viagem...!!
Para mim, esta é, então, uma pequena ilustração do conhecimento infinito do Auto-realizado Jnani...
  




  

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Quem é Ramana?





Conheça o Ser, e Deus é conhecido.

De todas as definições de Deus,  nenhuma se enquadra tão bem como o Bíblico "EU SOU O QUE SOU"  do livro do Êxodo.

O seu dever é Ser, e não ser isto ou aquilo. "EU SOU O QUE SOU" resume toda a verdade: o método sintetiza-se em 'Seja em Quietude'.

Seja em Quietude. Seja, sem a agitação da sua mente. A mente só perturba a sua quietude natural. Quietude é a sua natureza.

"Seja em quietude e saiba que Eu Sou Deus". Quietude é rendição total sem qualquer vestígio de individualidade. Prevalecerá a quietude e não haverá agitação da mente.

"Eu Sou" é Deus-não pensando "Eu Sou Deus". Conscientize "eu sou" e não pense eu sou. Diz-se "Saiba que Eu Sou Deus", e não "Pense que Eu Sou Deus".

A Mente Cósmica, não sendo limitada pelo ego, não tem nada separado de si mesma e portanto apenas é consciente.  Isto é o que a Bíblia quer dizer com 'Eu Sou O Que Sou'.

O Ser Absoluto é o que é-É o Ser. É Deus. Conhecendo o Ser, Deus é conhecido. De facto Deus não é senão o Ser.



                                                                                                                                                             



LETTERS From Sri Ramanashramam

CARTAS do Sri Ramanshramam

De Suri Nagama


Carta 84
29 de Janeiro de 1947


      No dia 7 deste mês o Dr. T. N. Krishnaswamy, um devoto de Bhagavan, celebrou o Jayanthi (aniversário) de Sri Ramana em Madras. Parece que um Pandita* mencionou na ocasião, no decurso da sua palestra, que havia uma referência algures que Bhattapada teria nascido em Thiruchuli como Ramana. Enquanto os devotos do Ashram procuravam estas referências, o próprio Bhagavan disse: 

"Nayana (Kavyakantha Ganapati Muni) disse que Skanda (O Senhor Subramanya) nasceu primeiro como Bhattapada, depois como Sambandha (Thirujnanasambandhar), e no terceiro nascimento como Ramana. A denominação 'dravida sisuhu' usada por Sri Sankara em Soundarya Lahari refere-se a Sambandha, não é? Portanto, Sambandha deve ter existido antes de Bhattapada, que foi contemporâneo de Sankara. Nayana disse que Sambandha era de uma data posterior a Bhattapada. Uma versão não é consistente com a outra. Ainda não se sabe qual delas é a autoridade para a declaração do referido orador."


Skanda, O Senhor Subramanya


Admirada com estas palavras, que provocaram a surpresa de todos, eu disse, "Porquê tanta polémica sobre isso? Podemos perguntar ao próprio Bhagavan. Bhagavan não sabe quem Ele é? Mesmo que Ele não nos diga agora, há a Sua própria resposta no cântico, 'Quem é Ramana?' escrito por Amritanatha Yatindra quando Bhagavan vivia na Montanha." Bhagavan respondeu:


"Sim, sim!" com o sorriso de aprovação no Seu rosto, esperou um pouco, e depois disse, "Amritanatha é uma pessoa peculiar. Ele interessa-se por todas os assuntos. Quando eu estava na Montanha, de vez em quando ele vinha e ficava comigo. Um dia eu fui a algum lado e quando voltei, ele tinha composto um verso em Malaio, perguntando "Quem é Ramana?", deixou-o lá e saiu. Eu perguntava-me o que é que estaria escrito no papel, então peguei nele e descobri. Quando ele voltou, compus outro verso em resposta, em Malaio, escrevi-o por baixo do verso dele e voltei a pôr o papel no mesmo sítio. Ele gosta de me atribuir poderes sobrenaturais. Ele mencionou isso quando escreveu a minha biografia em Malaio. Nayana pediu para lhe lerem o verso, e depois de o ouvir, rasgou-o, dizendo, "Basta! basta!" Essa era a mesma razão para esta pergunta. Ele queria atribuir-me alguns poderes sobrenaturais, como 'Hari' ou 'Yathi' ou 'Vararuchi' ou 'Guru Isa'.  Eu respondi o que está no verso. O que poderiam fazer? Não podiam responder. Está disponível uma tradução desses versos em Telegu, não está?"

"Sim,está. Não é suficiente para nós a versão de Bhagavan para afirmar que Bhagavan é o Próprio Paramatma?" disse eu. Bhagavan sorriu e ficou em mouna (silêncio).

Transcrevo abaixo a tradução em prosa daqueles versos em Malaio, que se encontra em Ramana Leela:

Pergunta de Amritanatha:
"Quem é este Ramana na Gruta de Arunachala, que é conhecido como o tesouro da compaixão? Ele é Vararuchi ou Guru Isa? ou Hari? ou Yatindra? Estou desejoso de conhecer os Mahima (poderes sobrenaturais) do Guru."

Resposta de Bhagavan:

Arunachala Ramana é Paramatma, o Próprio Senhor que actua como Consciência nos corações de todos os seres, a partir de Hari* para baixo. Ele é o Ser Supremo. Isso será claro para si, se você abrir o olho de jnana e vir a verdade.
  

*
Hari
Na mitologia hindu, Hari é um outro nome para Krishna e Vixnu.

Pandita 
Título honorífico dado na Índia aos brâmanes possuidores de conhecimentos linguísticos, religiosos e filosóficos.





O Conhecimento é Brahman;
Esta alma é Brahman;
Tu és Aquele;
Eu sou Brahman;






Tradução: Blog Texto Meditativo

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

A Árvore da Vida

Pintura sobre papel feito à mão tratado com estrume de vaca - Pintura popular da aldeia de Madhubani




Resposta de Ramana Maharshi a sua mãe:
O Ordenador controla o destino das almas de acordo com o seu prarabdhakarma (destino a ser trabalhado nesta vida resultante do balanço de acções em vidas passadas). Tudo o que está destinado a não acontecer não vai acontecer, por muito que tente. Tudo o que está destinado a acontecer vai acontecer, faça o que fizer para o impedir. Isso é certo. O melhor caminho, portanto, é permanecer em silêncio. 


Ramana Maharshi e sua mãe Alagammal

 

Todas as actividades pelas quais o corpo tem de passar são determinadas logo quando ele vem à existência. Não lhe compete aceitá-las ou rejeitá-las. A única liberdade que você tem é a de voltar a sua mente para dentro e renunciar a actividades aí. 
Ramana Maharshi 

                 Graça e Paz








sábado, 9 de agosto de 2014

Um Átomo entre Átomos, Um Gigante entre Gigantes

"Anoraneeyam Mahatomaheeyam"
 Carta 52






Excerto de: 

LETTERS From Sri Ramanashramam
CARTAS do Sri Ramanashramam
De Suri Nagama

22 de Julho de 1946


      Esta manhã cerca das 10h30, Sonti Ramamurthi chegou com a sua esposa, irmão e alguns amigos. Naquele momento, um devoto estava a ler um livro e perguntava a Bhagavan, "Neste livro, está escrito que nós comemos o alimento e o alimento nos come a nós. Como é isso possível? Que nós comemos o alimento, é correcto. Mas qual é o significado de o alimento nos comer a nós?" Bhagavan ficou em silêncio.


Depois de ter esperado silenciosamente durante cerca de 10 minutos, Ramamurthi disse a Bhagavan que tinha vindo cá sobretudo porque o seu irmão estava ansioso por ver Bhagavan, e que ele próprio tinha recebido a benção (darshan) de Bhagavan há cerca de 10 anos atrás, e, pegando no assunto da conversa anterior do devoto, observou: "Todos os seres vivos nascem, vivem e finalmente são absorvidos por annam* (alimento) e assim o alimento é conhecido como Brahman. Esse Brahman permeia tudo. Todas as coisas são imagens suas, e como isso é conhecido como annam, diz-se que annam nos come. Não é esse o significado?" Bhagavan disse "Sim".


Ele disse ainda a Bhagavan várias coisas sobre ciência, e o seu irmão também falou sobre ciência, bombas atómicas e afins, tudo em inglês. Eu não sei Inglês, por isso não pude seguir a conversação. Mas Bhagavan respondeu em Telegu. Depois de ouvir tudo aquilo que eles disseram sobre ciência, Bhagavan finalmente disse:

"Sem dúvida. Mas nenhuma dessas coisas é divorciada do próprio ser, não é? Tudo provém do próprio ser. Ninguém diz que é inexistente. Até um ateísta admitiria que ele próprio existe. Assim, tudo o que surge deve emergir do próprio ser, e em última instância de novo nele se dissolver. Não existe nada separado do próprio ser, de acordo com o princípio da sruti*, 'Anoraneeyam Mahatomaheeyam', o ser é mais pequeno que o mais pequeno e maior que o maior."

Ramamurthi perguntou, "De onde vem a diferença entre o átomo e o infinito?" "Ela vem do próprio corpo," disse Bhagavan. Ramamurthi perguntou, "Como se explica que vemos tantas forças no mundo?" Bhagavan disse: 

"A mente sozinha é a causa. É a mente que faz você ver tantas forças diferentes. Quando ela nasce, tudo o mais nasce também. Os cinco elementos, e as forças para além dos elementos, quaisquer que sejam, e as forças para além das outras, também tomam forma, assim que a mente nasce.  Se a mente é dissolvida, tudo o mais igualmente se dissolve. A mente é a causa de tudo."




* Annam Os alimentos, em sânscrito. 
                 Muitas tradições antigas consideram Annam como Brahma, 
                 o doador da vida, o criador e construtor da vida.


   Sruti - "O que é escutado"
              É um cânon de textos sagrados Hindus, de origem divina.


Tradução: Blog Texto Meditativo





                                                                                                                                                                                               


https://pt.wikipedia.org/wiki/Vyasa
Veda Vyasa

Guru Purnima ou Vyasa Purnima, é o dia de lua cheia do mês Tamil de Ani (meados de Junho a meados de Julho), e é dedicado ao Guru Veda Vyasa, que editou os Vedas. 
Os quatro Vedas (Rig, Yajur, Sama e Atharva), foram as divisões feitas por Veda Vyasa em agrupamentos de temas relacionados (Vyasa = a "editar" ou "dividir"). Guru Veda Vyasa escreveu os Puranas incluindo o Mahabharata e Srimad BhagavatamVenerado por Vedacharyas e estudantes dos Vedas, é adorado neste dia em que ele nasceu do sábio Parashara e da filha do pescador, Satyavati. (Também se diz que este é o dia em que ele começou a escrever os Brahma Sutras, os aforismos do Vedanta.) No Guru Purnima, toda a Índia rende homenagem ao guru  e os sannyasins iniciam a Chaturmasya, o período anual de quatro meses de vida itinerante, durante os meses chuvosos, em que praticam solidão. Guru Purnima é habitualmente comemorado no Ramanasramam, com puja mahanyasa e homenagem a sannyasins com Prasad especial.
A palavra Guru significa removedor das trevas (Em Sânscrito, "Gu" significa escuridão, "Ru" significa removedor). Tradicionalmente, o Guru é considerado como uma encarnação dos deuses da Trindade Hindu, designadamente Brahma, Vishnu e Shiva. Assim, Guru Purnima é o dia de erradicar a ignorância e iluminar as nossas vidas com o conhecimento.